- (51) 3737-3985
- (51) 99304-9393
Poupança pode ter limite de aplicação
O governo vai mesmo mudar em breve as regras da caderneta de poupança para evitar a migração do dinheiro hoje depositado nos fundos de investimentos.
O governo vai mesmo mudar em breve as regras da caderneta de poupança para evitar a migração do dinheiro hoje depositado nos fundos de investimentos. Na expectativa de novas tesouradas na taxa básica de juros (Selic)- em níveis que podem variar entre 2 e 2,5 pontos porcentuais até junho -, a equipe econômica estuda agora a possibilidade de limitar as aplicações na mais popular aplicação do País até o patamar de R$ 5 mil. Motivo: com a queda dos juros, hoje em 11,25% ao ano, a rentabilidade da poupança tende a ficar muito maior do que a dos fundos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informado de que  92% dos depósitos da poupança não ultrapassam a faixa de R$ 5 mil. Uma das  hipóteses avaliadas pelo governo é limitar as aplicações a este valor, mas a  ideia ainda não é consenso. Em conversas reservadas, auxiliares do presidente  dizem que o teto deve ser aplicado apenas a novos depósitos, para evitar  contestações na Justiça. 
"Ninguém vai confiscar a poupança", garantiu ao  Estado um ministro que conversa diariamente com Lula. "Vamos explicar os  mecanismos de proteção ao pequeno poupador, porque é preciso evitar a migração  de outros investimentos para a caderneta."
Na prática, o governo teme que  essa migração provoque desequilíbrios no sistema financeiro. O argumento usado  pela equipe econômica é que, na crise, esse movimento pode diminuir ainda mais a  oferta de crédito no País, pois os fundos de investimento, como DI e Renda Fixa,  são as principais fontes de recursos para os empréstimos dos bancos.
Há  exatos 30 dias Lula admitiu, em Nova York, a necessidade de mexer na poupança,  mas fez questão de afastar o fantasma que assombrou a população durante o  governo Fernando Collor (1990-1992). "Nós já mexemos na poupança dois anos  atrás, quando descobrimos que gente que tinha muito dinheiro queria investir lá.  Mexemos para garantir a poupança apenas para os pequenos poupadores", insistiu o  presidente.
Com a previsão de novos cortes na Selic nas duas próximas  reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) - marcadas para os dias 28 e 29  deste mês e 9 e 10 de junho -, o governo tem certeza de que precisará agir  rápido para evitar que os títulos públicos também se tornem menos atrativos do  que a poupança. No diagnóstico da Fazenda, trata-se de um "bom problema" a  resolver, já que está associado à queda dos juros.
De qualquer forma,  Lula determinou à equipe econômica que aja com cautela para não provocar pânico  nos pequenos investidores. Acredita, porém, que o governo vencerá a batalha da  comunicação. "A sociedade vai entender isso perfeitamente. Ou mudamos a poupança  ou não podemos mais baixar os juros", resumiu um interlocutor do  presidente.
PRODUÇÃO
Na avaliação do governo, o  mercado financeiro será obrigado a investir na produção quando houver regras que  impeçam a migração dos fundos para a poupança. "Trata-se de uma fórmula  socialmente mais justa", argumentou outro ministro.
O prazo de carência  das aplicações da caderneta também poderá ser aumentado, mas o governo ainda não  bateu o martelo sobre o melhor caminho a seguir. Outra alternativa em estudo  consiste na alteração do cálculo do indexador da poupança, a Taxa Referencial  (TR). Hoje, o rendimento é de 6% ao ano mais a variação da TR. Uma ala do  governo acha que, para evitar a fuga dos fundos, será preciso cobrar Imposto de  Renda sobre os rendimentos ou ainda vincular a remuneração da caderneta à taxa  Selic.
